Nacionalização da banca<br>em debate
A nacionalização da banca esteve em debate em Ovar, numa sessão promovida pelo PCP em que participaram dezenas de pessoas e que contou com a presença de Carlos Carvalhas, do Comité Central do Partido, e Miguel Viegas, deputado ao Parlamento Europeu. Moderada por Renata Costa, da JCP, a iniciativa integrou-se na comemoração dos 40 anos da nacionalização da banca, em Março de 1975, mas os oradores não se ficaram pela mera evocação, sublinhando a importância decisiva do controlo público do sector financeiro para a alternativa patriótica e de esquerda por que o Partido se bate.
Entre outros aspectos, Carlos Carvalhas sublinhou o facto de a banca estar em mãos privadas fazer com que uma parte importantíssima das alavancas económicas do País esteja dependente dos donos da banca e não de uma verdadeira estratégia de desenvolvimento nacional. Para o economista, a «crise» foi sobretudo um processo de concentração da riqueza, para o qual contribuíram as medidas ditas de «austeridade» aplicadas por PS, PSD E CDS nos últimos anos. Da mesma forma que, esclareceu, a questão do endividamento do País é, hoje, não apenas central na política económica como também indissociável da questão da propriedade da banca.
Já Miguel Viegas evidenciou como os instrumentos e opções de fundo da União Europeia, e em particular do Banco Central Europeu, representam um autêntico «colete-de-forças» ao desenvolvimento do País. O deputado comunista apelou a que se encare a proposta do Partido de controlo público do sector financeiro integrado num conjunto mais vasto de medidas, entre as quais se destaca a renegociação das dívidas pública e externa e a preparação do País para a saída do euro.
Do animado debate que se seguiu às intervenções iniciais saiu reafirmada a ideia de que a nacionalização da banca é necessária e que depende da existência de um governo que tenha a coragem política para enfrentar constrangimentos e pressões e, assim, romper com as políticas de empobrecimento e exploração que conduziram o País ao declínio em que se encontra.